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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A CRIATIVIDADE DA PRISÃO E OS LIVROS DE AUTORES PRESOS

A agruras e dificuldades da prisão podem ser um grande estímulo à criatividade. Ou seria simplesmente o ócio?  Seja como for, algumas das grandes obras da literatura foram escritas em uma cela de prisão, e muitos autores hoje consagrados precisaram praticar seu ofício enquanto cumpriam penas.
Ainda no ano 8 A.C. o poeta romano Publius Ovidius Naso, mais conhecido por nós como Ovídio, foi banido de Roma pelo imperador Augustus. Por quê? A tradição diz que a causa era a imoralidade de seus versos. Isso é possível, porque Ovídio foi um escritor de versos eróticos muito talentoso, embora quase nunca eles fossem pornográficos. Augustus, porém, era uma pessoa puritana, e infelizmente para Ovídio, também era a pessoa mais poderosa do mundo.
E a lista foi ficando cada vez maior. Em 1298, por exemplo, o explorador Marco Pólo se tornou prisioneiro durante um ano, ao comandar uma esquadra na guerra entre Veneza e Gênova. No período em que esteve encarcerado ditou ao companheiro de cela de nome Rusticiano, os capítulos da obra o Livro das Maravilhas – A Descrição do Mundo. Marco Polo torna-se famoso. Ao sair da prisão, volta para Veneza, onde fica até a morte. No decorrer dos séculos, o Livro das Maravilhas transforma-se num clássico traduzido para inúmeras línguas.
Entre os presidiários ilustres podemos citar também romancista inglês Thomas Malory. Sua obra, A morte de Artur, um dos mais famosos romances sobre as histórias do rei Artur e os Cavaleiros da Távora Redonda, foi escrita em 1469, quando ele cumpria pena de prisão em Londres. Malory acabou morrendo por lá mesmo, em 1471, mas o livro foi publicado em 1485, rendendo a ele um reconhecimento póstumo.autores presos2 [Curiosidades] A criatividade da prisão e os livros de autores presos

Uma das maiores obras da literatura mundial, “Dom quixote“, também teve início em uma prisão. Miguel de Cervantes (acima) foi preso em 1597 em Servilha por dívidas, e começou a escrita de  seu famoso livro durante os três meses em que esteve encarcerado. Tempos depois ele se tornou prisioneiro novamente, dessa vez, dos piratas mouros, com quem viveu por cinco anos.
Entre 1717 e 1718, o filósofo Voltaire passou onze meses preso na bastilha por escrever poemas contra o regime de governo da época. Foi durante este tempo que deu início ao poema épico “Henríade”.
Em 1759 o escritor John Cleland  também estava preso por dívidas. Foi então que recebeu uma proposta irrecusável de um editor que se comprometia a pagar todos os débito e tirá-lo da prisão, se escrevesse uma novela pornográfica. Nesse momento nasceu o clássico “Fanny Hill – Memórias de Uma Mulher de Prazer”.
Mas ao longo da história, as “perversões” mais colocaram que tiraram os homens do xadrez. O Marquês de Sade (1740-1814),  por exemplo, conhecido por obras libertinas, que exploravam o prazer na dor física ou moral, escreveu várias de seus livros enquanto esteve internado em um hospício por ordem de Napoleão Bonaparte.
Em maio de 1895 – após ter passado por três julgamentos – o escritor Oscar Wilde, também famoso também por suas opções sexuais, foi condenado a dois meses de trabalhos forçados sob a acusação de “cometer atos imorais com rapazes”. No livro “De Profundis”, Wilde descreveu as terríveis condições da prisão: “É sempre crepúsculo na cela, como é sempre o crepúsculo no coração“.
Outra história triste é a de Jean Genet (1910). Abandonado pela mãe na infância, entrou cedo no mundo dos crimes, indo parar em um reformatório aos 10 anos de idade. Fugiu logo em seguida e mudou de nome, continuando na vida bandida como garoto de programa e ladrão.  Foi para a prisão novamente e lá permaneceu por 13 anos, período em que iniciou sua carreira literária. Publicou em 1940 o romance “Nossa Senhora das Flores”.
Outro que pode ter se beneficiado das experiências do cárcere foi o escritor russo Dostoievski (acima). Em 1849 ele foi preso por conspirações revolucionárias. Passou 8 meses recluso e chegou a estar diante do pelotão de fuzilamento, com a venda nos olhos, quando a pena foi comutada. São posteriores a esse episódio sua maiores obras, que o transformaram em um dos maiores nomes da literatura mundial e guardam grandes influências do ocorrido, como “Memórias do Subsolo“, “Crime e Castigo“, “O Idiota” e “Os Irmãos Karamázov“.
Adolf Hitler, antes de se tornar um grande ditador, também esteve preso durante cinco anos na prisão de Landsberg. Sua prisão ocorreu em 1923 e foi durante o confinamento que nasceu o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), obra considerada como a bíblia do Nazismo.
No Brasil, o alagoano Graciliano Ramos também esteve preso por nove meses, entre 1936 e 1937, sob acusações políticas.  “Memórias do Cárcere” é o título do romance que relata essa época. Foi publicado em 1953, após a morte do autor. Enquanto esteve preso foi publicado outro romance seu, intitulado “Angústia”.
FONTE:
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